Umberto Eco é unanimemente reconhecido como um dos maiores escritores do nosso tempo. Com um saber enciclopédico que se distinguia no mundo académico e intelectual mas que conseguia igualmente chegar ao grande público, pelo sua linguagem apelativa e interessante, mas sem compromissos nem "facilitismos", bem pelo contrário.
Depois de ler "O Nome da Rosa", um thriller medieval revolucionário confesso que fiquei talvez ainda mais impressionado com "O Pêndulo de Focault", uma "história de muitas histórias" apaixonante e rica, um romance absorvente e, mais uma vez pleno de referências históricas marcantes.
Desta vez trago ao blogue o último romance de Umberto Eco, "Número Zero", publicado em Portugal pela Gradiva, e que a mesma editora publicou em Edição Kindle.
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Após algumas buscas, creio que o livro não está disponível nas lojas Amazon do Reino Unido e de Espanha.
Sinopse, do Editor
Sinopse
Um livro empolgante, de um escritor que dispensa apresentações.
Este é um romance que não deixa ninguém indiferente à reflexão sobre os jornais e o jornalismo. Como cenário de fundo tem uma redacção de um jornal diário, que se está a constituir de modo apressado e por razões que menos se relacionam com o objectivo de preparar boa informação e mais respeitam à criação de uma «fachada» para servir interesses próprios. Neste caso, não os interesses dos jornalistas, poucos, relativamente mal pagos e com histórias de carreira onde o sucesso não tem tido lugar, mas sim os interesses de quem tem poder, dinheiro ou ambos. Poderá um órgão de comunicação social servir para ter os inimigos na mão e chegar aonde se quer?
Um jornal que está a dar os primeiros passos muito tem para decidir. E esta obra de Umberto Eco torna-se, nesta vertente, numa espécie de «manual» de decisões onde a qualidade do produto final está mais arredada das preocupações do que seria desejável. Neste jornal, designado Amanhã, há espaço para criar notícias, reciclar notícias e encobrir notícias. Sendo esta uma obra de ficção, a leitura que pode ser feita do que lá se escreve vai além da boa leitura que a narrativa proporciona.
Poder e jornalismo associam-se aqui a teorias da conspiração. Um redactor paranóico que anda pela Milão em que a história se passa, segue atrás de pistas que remontam ao fim da Segunda Guerra Mundial e, somando factos, chega a um complexo resultado que tem tudo para convencer. Começa pelo cadáver de um pseudo-Mussolini e segue pelos meandros da política, envolvendo o Vaticano, a máfia, os juízes e os serviços secretos