Recentemente tive oportunidade de (finalmente!) testar o mais recente “coelho” que a Apple “tirou da cartola”. Sim, Steve Jobs disse mesmo que o iPad é um equipamento “mágico e revolucionário”.
Pois a verdade é que, depois de o testado em duas ocasiões no espaço de dois dias, numa loja Apple, num total de cerca de 50 minutos posso dizer que me parece ser um equipamento verdadeiramente espectacular, apesar das limitações (conhecidas) que apresenta, em particular no que respeita à leitura de livros.
Assim, em termos gerais devo dizer que, talvez por tudo aquilo que li previamente, não achei o iPad tão pesado como esperaria... mas a verdade é que o testei sobre uma banca da loja Apple e não em condições "reais", por exemplo, de leitura sem o apoio de qualquer superfície.
Não vou dar uma grande novidade ao referir que o iPad é muito “agradável ao toque”, apresentando de imediato a sensação premium que é habitual em todos os produtos Apple. As superfícies são todas muito suaves e bem acabadas, como seria de esperar. Não há dúvida que os “production values” estão bem à vista.
Mas é quando começamos a tocar com os dedos no ecrã que nos apercebemos da verdadeira qualidade do equipamento. Tudo é muito rápido, o ecrã tem um brilho espectacular (para o bem e para o mal, como veremos...), as aplicações abrem e correm de forma imediata e a sensibilidade/capacidade de resposta aos comandos que vamos dando com os dedos é perfeita.
Tive oportunidade de testar de tudo um pouco, desde o browser web ou da aplicação de email até aos jogos, não deixando, de passar pelas revistas e claro, pela leitura de livros.
Fiquei realmente impressionado pela qualidade do ecrã e, possuindo um iPhone, registei que a “transposição” das aplicações do iPhone para o iPad começa a tirar partido das dimensões do equipamento.
De entre as aplicações que testei destaco a versão de demonstração das revistas Popular Science e Wired, que podem apreciar no vídeo (não meu) que apresento no final.
Por esta altura (obrigado se aguentaram a leitura até aqui...) alguns leitores deste blog deverão já estar a pensar: "afinal do grande fã do Kindle “converteu-se” ao iPad”. Pois a verdade é que não é bem assim.
Com efeito, depois de testar, quer a aplicação para leitura de livros da Apple (iBooks), quer as versões para iPad das revistas Wired e Popular Science, aquilo que me ocorreu de imediato foi o seguinte: "O iPad não vem substituir/matar o Kindle!”. E, acreditem, estava com "espírito aberto" e "disponível" para concluir o contrário.
De facto, na leitura de revistas e na consulta de websites noticiosos, de jornais em papel ou não, o iPad é excelente pois tem potencialidades enormes em termos de interactividade, de cor, de possibilidade de pesquisa adicional de informação. Tudo isto funciona de forma quase instantânea e sem falhas... excepto o facto de não apresentar aplicações em Flash, mas isso é outra conversa...
Já no que respeita à leitura de livros, que é aquilo que mais interessa para efeitos deste blogue, parece-me que o Kindle permanece imbatível!
O ecrã LCD do iPad apresenta um excelente brilho, que permite apresentar cores vibrantes e atraentes, incluindo “livros animados” e revistas interactivas, como vimos, mas a verdade é que a sensação que temos quando estamos a ler no iPad é semelhante àquela que todos já experimentámos quando tentamos ler um artigo mais longo num jornal online ou numa página web no nosso portátil ou PC de secretária. A leitura não é “escorreita" e confortável como num livro... ou num Kindle.
A "cintilação" própria de um ecrã LCD, por muito imperceptível que possa parecer num primeiro momento, com o passar dos minutos acaba por se tornar um pouco cansativa para os olhos, sobretudo numa leitura atenta e calma, não “na diagonal” (pelo menos foi essa a sensação com que fiquei...).
Eu sei que muitos de nós passamos horas a olhar para um ecrã LCD todos os dias, a questão não é essa, a pergunta é: quantos de nós já conseguiram estar uma ou duas horas (para não ir mais longe) a ler um livro no PC de secretária, num laptop ou num netbook?...
Decorre da natureza do ecrã LCD que, ao contrário do Kindle, é virtualmente impossível ler um ebook ao ar livre com o iPad; alguns poderão dizer, em contrapartida, que na cama é mais fácil ler com o iPad. Talvez sim, mas a verdade é que o peso do iPad não deverá ajudar muito... adiante.
Para além do ecrã, o facto de o iPad ser um espectacular gadget multimédia induz igualmente aquilo que eu poderia chamar de FED - "Factor de Elevada Distracção". Com isto quero dizer que o facto de o iPad ser tão versátil e ter aplicações e usos tão variáveis e apelativos induz um potencial efeito de distracção em quem está a ler um livro que potencia a dispersão e o abandono do livro, num tipo de “consumo multimédia” semelhante àquele que temos quando estamos frente ao PC. Com o iPad podemos ver vídeos, navegar na web, correr jogos, ver o estado do tempo, organizar as fotos de família, enviar e receber emails, actualizar blogues e assim por diante.
Revista Wired no iPad
Alice no País das Maravilhas no iPad - Livro interactivo
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